JavaScript não suportado

 

[G1] Pesquisador de tubarões recomenda evitar mergulho na Baía do Sueste, local onde menina foi atacada: ‘É um risco’

Pesquisador de tubarões recomenda evitar mergulho na Baía do Sueste, local onde menina foi atacada: ‘É um risco’

Sueste é o local onde ocorreram os dois acidentes classificados como ataque em Fernando de Noronha. O estudioso André Afonso, que realiza estudo dos tubarões na ilha desde 2014, avaliou a praia e o comportamento dos animais.

Por Ana Clara Marinho, g1 PE

 



Pesquisador considera que existe riscos no mergulho no Sueste — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

Pesquisador considera que existe riscos no mergulho no Sueste — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

O doutor em ecologia marinha, André Afonso, realiza pesquisa dos tubarões em Fernando de Noronha. O estudo é feito para Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Nesta terça-feira (8), ele avaliou a Baía do Sueste, local onde um tubarão atacou uma menina de 8 anos, que perdeu a perna. “ O mergulho é um risco, é um ambiente totalmente selvagem”, afirmou.

O Sueste é a mesma praia onde ocorreu o primeiro caso considera pelos especialistas como ataque de tubarão a ser humano na ilha. Foi nessa baía que o paranaense Márcio Palma levou uma mordida e perdeu a mão e braço, em dezembro de 2015.

“Nós temos que pensar na Baía do Sueste como uma panela com comida para o tubarão. É um local confinado, muito raso, as pessoas estão na área para observar a fauna marinha e essa fauna são presas para tubarão. O animal procura alimento, não é possível prever quando vai acontecer um ataque”, disse o estudioso.

O pesquisador da UFRPE avaliou a diferença entre a Baía do Sueste e a Praia do Leão, dois locais próximos que contam com a presença de tubarões.

“Acredito que o Leão é menos frequentado por humanos que a Baía do Sueste. O Sueste é também mais raso e mais confinado que a Praia do Leão” disse.

Praia do Leão teve placa instalada no final da trilha — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

Praia do Leão teve placa instalada no final da trilha — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

O Sueste foi comparado a área das praias da Região Metropolitana do Recife onde ocorrem ataques pelo pesquisador.

“O efeito é um pouco parecido com o canal de Boa Viagem. Nesse caso, o tubarão fica confinado a todo o percurso das praias de Boa Viagem e Piedade, isso aumenta a probabilidade do tubarão encontrar um humano”, explicou.

A Praia do Sueste foi fechada para banho pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) desde o dia do ataque. O órgão não tem previsão para reabertura.

Placa instalada na Praia do Sueste — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

Placa instalada na Praia do Sueste — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

Na segunda-feira (7), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou a realização de estudos sobre tubarões e indicou a necessidade de restrição de banho de mar na ilha.

 

Pesquisa

 

Tubarões são capturados para instalação de transmissores — Foto: André Afonso/Acervo pessoal

Tubarões são capturados para instalação de transmissores — Foto: André Afonso/Acervo pessoal

André Afonso realiza estudo do comportamento dos tubarões para UFRPE desde 2014. O pesquisador faz uma visita por ano para análise dos animais.

O estudioso instalou dez transmissores acústicos e dez transmissores via satélite em cinco tubarões-tigre e cinco tubarões da espécie limão nesta visita a Fernando de Noronha.

O transmissor acústico emite um sinal para bases colocadas em 16 pontos toda vez que o animal passa onde está o equipamento. Já o transmissor via satélite possibilita o monitoramento online.

Tubarão-tigre capturado em Fernando de Noronha para estudo — Foto: André Afonso/Acervo pessoal

Tubarão-tigre capturado em Fernando de Noronha para estudo — Foto: André Afonso/Acervo pessoal

Além dos equipamentos colocados nesta visita, o pesquisador já instalou transmissores em outros 20 tubarões da espécie limão e em 25 da tigre.

“Para tubarão-tigre temos quase 200 mil emissões de sinais acústicos em Noronha. É um número louvável que significa elevado grau de residência na ilha”, informou.

O estudioso destacou, ainda, os três locais de maior identificação de presença de tigres. “As áreas são Praia do Leão, Ilha da Rata (área conhecida como mar de fora) e o Sancho. Nesses locais existe uma frequência mais acentuada do tubarão-tigre”, falou.

De acordo com André Afonso, existe diferença na frequência dos animais. Na Praia do Sancho, a presença do tigre é no expediente noturno.

Segundo ele, a espécie procura a Praia do Leão duas vezes mais durante o dia. No canal da Ilha Rata esses animais frequentam a área com mais intensidade no período da tarde.

A pesquisa já instalou receptores acústicos duas vezes na Baía do Sueste, mas misteriosamente os equipamentos sumiram. Segundo o estudioso, isso atrapalhou a análise dos dados nesta região.

O estudioso da UFRPE deu sugestões para evitar ataques em qualquer região de Fernando de Noronha.

“Todas as pessoas que encontrarem um tigre, ou um tubarão de qualquer outra espécie, maior que elas, a recomendação é sair de imediato da água”, falou André Afonso.

LINK: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/blog/viver-noronha/post/2022/02/08/pe...