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[G1 PE] Grande adesão a medidas da quarentena em PE pode evitar até 93 mortes por dia por Covid-19, diz pesquisa

Grande adesão a medidas da quarentena em PE pode evitar até 93 mortes por dia por Covid-19, diz pesquisa

Pesquisadores de universidades apontaram três cenários e número de mortes que podem ser evitadas, de acordo com quantidade de pessoas que cumprirem normas.

Por G1 PE

 



Caráter educativo das medidas restritivas de circulação de pessoas começou no Recife nesta terça (12) — Foto: Adelson Costa/Pernambuco Press

Caráter educativo das medidas restritivas de circulação de pessoas começou no Recife nesta terça (12) — Foto: Adelson Costa/Pernambuco Press

Um estudo de universidades pernambucanas aponta que até 93 pessoas podem ser salvas da Covid-19, por dia, caso grande parte da população cumpra as medidas da quarentena, que entram em vigor no sábado (16). Estão previstos rodízio de veículos e restrição de circulação de pessoas no RecifeJaboatão dos Guararapes, OlindaCamaragibe e São Lourenço da Mata.

O trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Rural Federal de Pernambuco (URFPE) e Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

A partir de parâmetros estatísticos, eles desenvolveram três cenários para estimar o número de vidas que poderiam ser preservadas no estado. Eles levaram em conta a baixa, a média ou a alta adesão da população às medidas restritivas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou, desde o início da pandemia, em março, que as cidades deveriam atingir pelo menos um índice de 70% de isolamento social.

Um mapa desenvolvido pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) mostrou, por exemplo, que o estado tinha, na segunda-feira (11), uma média de 42,97%.

A partir desses números, é possível estabelecer alguns parâmetros para quantificar o que pode representar os conceitos de baixa, média ou alta adesão.

A partir do índice de 70%, recomendado pela OMS, seria considerado uma grande adesão. É justamente nesse cenário que os pesquisadores traçam a melhor expectativa.

Assim, 4.098 mortes seriam evitadas até o dia 30 de junho, data limite estabelecida pelo estudo, em todos os cenários. Isso significa que, em média, 93 pessoas deixariam de morrer, por dia.

Na hipótese de média adesão, que ficaria em torno do atual índice atingido por Pernambuco, em torno dos 50%, seria possível evitar 63 mortes por dia, segundo o estudo. Ao todo, seriam poupadas 2.782 vidas, até 30 de junho.

No cenário mais pessimista, com adesão baixa, no entorno de 30%, seriam evitadas 33 mortes por dia. Desa forma, seriam evitadas até 30 de junho 1.466 mortes.

Segundo Dalson Figueiredo, professor da UFPE e atual coordenador do programa de pós graduação em ciência política, a intervenção não farmacêutica mais eficaz é o distanciamento social. Ele é a forma de reduzir o contágio e a mortalidade, já que as duas variáveis estão relacionadas em um intervalo de 15 dias.

 

"Se freia uma, freia outra. Primeiro cai a curva de casos para depois cair a curva de mortes", explicou.

 

No estudo, os pesquisadores destacam que, se as pessoas ficarem em casa, menos contágio se converte em menos mortes.

Em todos os casos, a pesquisa prevê que, sem medidas rigorosas, o número de mortes, poderia chegar a 7.464, até o dia 30 de junho.

 

Expectativa

Figueiredo afirmou, ainda, que é preciso diferenciar as experiências entre os modelos de medidas adotadas no Brasil e em outros países.

"Pelas experiencias de outros estados, como o Maranhão, e pelo que as reportagens mostram, nosso 'lockdown' foi café com leite. Nosso 'lockdown' não vai ser como o europeu, por exemplo, porque sempre vai ter uma parcela da população desrespeitando", disse.

De acordo com Dalson, os estudos preliminares mostram que é mais difícil manter o distanciamento em bairros com maior nível de vulnerabilidade, como as comunidades.

 

"Nas casas com cinco pessoas no mesmo cômodo, mesmo que não saiam na rua, se uma for infectada, toda família é infectada rapidamente. Estudos mostram que a letalidade é maior em bairros mais pobres. Eles vão sofrer mais com a doença seja por falta de acesso ao tratamento, seja porque já sofrem com doenças pré-existentes mais graves", explicou.

 

Ainda segundo Dalson, é preciso entender que o efeito da quarentena não é imediato e que o governo tem que ser transparente com as medidas a serem tomadas.

"O resultado vem depois de 13, 14 ou 15 dias. É necessário entender que quanto maior a adesão, menor a contaminação", disse o pesquisador.

Participaram da pesquisa Dalson Figueiredo, Antônio Fernandes, Lucas Silva, Lucas Borba e Enivaldo Rocha, todos da UFPE, Diego Costa, do Instituto de Criminalística de Pernambuco, Juliano Domingues e Breno Carvalho, da Unicap, e Rodrigo Amaro, da UFRPE.

 

Coronavírus em Pernambuco

 

Pernambuco confirmou mais 70 mortes e 541 novos pacientes com o novo coronavírus na terça-feira (12). Com isso, desde março, o estado contabilizou 14.309 confirmações e 1.157 mortes por Covid-19, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES).