Pesquisadores acompanham nascimento de jacarés em monitoramento pioneiro no Nordeste
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 27/04/2022 12:13
Os pesquisadores acompanham e registram todo o processo da incubação dos ovos, do cuidado parental das fêmeas até a eclosão dos filhotes. (Ascom UFRPE/Divulgação) |
Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) acompanham, durante esta semana, o nascimento de jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) na Estação Ecológica de Tapacurá, resultado de uma ação de monitoramento a longo prazo das populações de crocodilianos no Nordeste. A eclosão dos filhotinhos dos ovos iniciou ontem (26).
De acordo com os pesquisadores, os jacarés são monitorados desde a reprodução à eclosão com ações de captura, medição, técnicas e utilização de câmeras especiais, os jacarés escolheram a área com remanescentes de Mata Atlântica protegida para a temporada reprodutiva. “A ação pioneira de monitoramento é bastante relevante para os estudos e conservação sobre os crocodilianos, cujas pesquisas e informações apresentam déficit na região”, explicou a professora e pesquisadora da UFRPE, Jozélia Bezerra.
O estudo é conduzido pelo pesquisador Rafael Sá Leitão Barboza, que acompanha os ninhos durante todo o período de incubação usando procedimentos padrões de coleta de dados em estudos com ninhos de crocodilianos. “Alguns têm a ajuda da mãe e outros vão por conta própria para os corpos hídricos mais próximos. Os ninhos estão em áreas escolhidas pelas fêmeas para garantir a proteção dos ovos, que, após eclosão, podem chegar em segurança nas áreas creche ou berçário. Essas áreas fornecem alimento e abrigo para os filhotes, que terão proteção garantida de suas mães e tias durante alguns meses de vida”, explica. Rafael faz o doutorado no Programa de Biodiversidade da UFRPE.
Os pesquisadores também acompanham e registram todo o processo da incubação dos ovos, do cuidado parental das fêmeas até a eclosão dos filhotinhos. “Com duração média de 60 dias de incubação, os jacarezinhos estão eclodindo dos ovos com ajuda do chamado ‘dente de ovo’, uma protuberância temporária presente em alguns vertebrados ovíparos para facilitar a saída do ovo”, relatam. Durante o acompanhamento, os pesquisadores contaram que também foi possível registrar a presença de visitantes interessados nos ovos, como jaguatirica, capivara, paca, tatu, cutia, entre outros. A professora da UFRPE, Jozélia Bezerra coorienta o projeto, junto com o professor Antonio Souto (UFPE). A pesquisa tem orientação da professora Nicola Schiel (UFRPE).
PESQUISAS
A UFRPE possui o “Projeto Jacaré”, que é desenvolvido pela equipe do Laboratório Interdisciplinar de Anfíbios e Répteis (LIAR) da Universidade, sob coordenação das professoras Jozélia Correia e Ednilza Maranhão. Por meio dele, são desenvolvidas ações de ensino, pesquisa e extensão universitária, voltadas para conservação da herpetofauna e formação de recursos humanos na área de herpetologia, auxiliando na formação de alunos de graduação e pós-graduação e capacitação de profissionais.
A linha de pesquisa relacionada à biologia e ecologia reprodutiva teve início em 2018, na Estação Ecológica de Tapacurá, vinculada à UFRPE, e no seu entorno. É uma área com remanescentes de Mata Atlântica inseridas em áreas protegidas e composta por propriedades privadas – onde são realizadas atividades de agricultura, pesca, criação extensiva de gado e caprino.
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