COLUNA ENEM E EDUCAÇÃO
Se Enem for em maio, aprovados em universidades só ingressarão no segundo semestre de 2021
Para abrir inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o MEC precisa das notas do candidatos no Enem. Caso o exame fique para janeiro, avaliação vai repercutir nas datas do SSA da UPE
Margarida Azevedo
Publicado em 11/06/2020 às 20:00
Se o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 for realizado em maio do próximo ano, os vestibulandos só vão ingressar no ensino superior público, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no segundo semestre de 2021. Isso porque entre a aplicação das provas, correção dos testes e inscrição no Sisu há um intervalo de pelo menos dois meses. E o Sisu só é feito com o resultado do Enem.
Na última edição do Sisu, em janeiro deste ano, foram disponibilizadas cerca de 237 mil vagas em 128 universidades públicas brasileiras, que acabaram com seus vestibulares. A selecão dos novos alunos acontece pelo sistema organizado pelo Ministério da Educação (MEC). Todas as quatro universidades públicas de Pernambuco participam do Sisu: as federais UFPE, UFRPE e Univasf, além da estadual UPE. Também integram os institutos federais IFPE e IF do Sertão.
DATAS
As datas das provas do Enem estão indefinidas. A partir da próxima semana, entre os dias 20 e 30 de junho, os mais de 5,7 milhões de inscritos no exame poderão opinar, por meio de uma consulta pública, sobre as melhores datas para realização dos testes, entre três opções para cada formato da avaliação (presencial e digital).
Ao informar sobre o adiamento do Enem por causa da pandemia do novo coronavírus, no mês passado, o MEC havia comunicado que a prorrogação seria de 30 a 60 dias em relação às datas previstas nos editais. Não estava planejado aumentar o prazo por até 180 dias.
O Enem impresso iria ocorrer nos dias 1º e 8 de novembro, e o digital, em 22 e 29 do mesmo mês. Na última quarta-feira (10), os estudantes ficaram sabendo as novas datas que poderão ocorrer as provas:
• Enem impresso: 6 e 13 de dezembro de 2020 / Enem digital: 10 e 17 de janeiro de 2021;
• Enem impresso: 10 e 17 de janeiro de 2021 / Enem digital: 24 e 31 de janeiro de 2021; ou
• Enem impresso: 2 e 9 de maio de 2021 / Enem digital: 16 e 23 de maio de 2021.
INDEFINIÇÃO
Como as aulas presenciais estão suspensas em Pernambuco, é muito provável que o calendário letivo de 2020 das universidades seja concluído apenas em 2021. Porque ao contrário da educação básica, que está ofertando atividades remotas durante a pandemia, as instituições públicas superiores do Estado ainda não estão com nenhuma aula à distância para os cursos de graduação.
"Não temos ainda perspectiva de quando vamos retomar as aulas. O calendário de 2020 está indefinido. Caso o Enem fique para maio, o Sisu só deve ser aberto em julho. Então o ingresso dos novos alunos ficará para o segundo semestre do ano civil", destaca o pró-reitor de graduação da UPE, Ernani Martins. "A questão é que o ano letivo provavelmente não vai acompanhar o ano civil. Não temos ideia, neste momento, de quando o primeiro semestre de aulas de 2021 terá início", complementa Ernani.
SERIADO DA UPE
Se a preferência dos candidatos do Enem for pela aplicação das provas em janeiro, a avaliação vai repercutir no calendário do Sistema Seriado de Avaliação (SSA), da Universidade de Pernambuco (UPE). Devido à pandemia da covid-19, a UPE já havia anunciado que as provas do SSA ficarão para janeiro. Dos cinco domingos de janeiro de 2021, quatro estarão comprometidos com o Enem: 10 e 17 para o modelo impresso e 24 e 31 para o formato digital.
No SSA, as provas sempre foram em dois dias, um domingo e uma segunda-feira. "Vamos analisar a situação, se há possibilidade de realizar durante a semana, sem ser o final de semana, antes do Enem. Vai depender dos calendários. Nesse caso só o SSA 3. O SSA 1 e o SSA 2 ficariam para fevereiro", diz Ernani.
A UPE utiliza seus prédios próprios e escolas da rede estadual para aplicar os testes do vestibular seriado. Como em janeiro existe a possibilidade de haver aulas na educação básica, referentes ao ano letivo de 2020, isso também pode dificultar a definição dos locais de provas.
OPINIÃO
Fera de medicina e aluno do 3º ano do Colégio Motivo, Luan Fernandes Lins, 17 anos, vai votar pelas provas do Enem em janeiro, nos dias 10 e 17. "Maio é muito longe para quem está estudando há muito tempo. Dezembro é perto por causa da pandemia. Por isso prefiro que fique para janeiro", diz Luan, que mantem uma rotina de aulas remotas diárias da escola e do cursinho pré-vestibular.
Clara Rodrigues, 28 anos, desistiu da carreira de arquiteta para tentar ingressar em medicina. Ela vota pelo Enem em maio, com a justificativa de que vai beneficiar os jovens mais vulneráveis que estão sem acesso aos estudos regulares por causa da covid-19.
"Diante da situação que o País está vivendo, acho mais justo ser em maio. Venho num ritmo intenso de estudos desde fevereiro e não mudei por causa da pandemia. São 9h diárias, em média, de estudo. Ficaria mais descansada se as provas fossem em dezembro ou janeiro, mas penso nos estudantes que não estão conseguindo se preparar", comenta Clara.
Aluna da Escola Estadual Vidal de Negreiros, Yasmine Lanny Campelo, 18 anos, também vota pelo Enem em maio. "Pois assim teremos mais tempo para estudar. Com a pandemia estamos prejudicados. Acompanho as aulas do Educa-PE, do governo, e as atividades que a escola manda. Mas aula presencial é muito melhor para aprender, tirar dúvidas", afirma Yasmine, fera de direito. Ela participa do pré-vestibular comunitário Carolina de Jesus.
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