Adido agrícola brasileiro recebe condecoração da Ordem de Rio Branco
A entrega da honraria se deu pelo relevante trabalho prestado no desempenho de missões permanentes de assessoramento junto às representações diplomáticas brasileiras no exterior
Redação, com informações ANFFA
29-Mar-2022 17:03
A trajetória profissional de Guilherme Antonio da Costa Junior, médico veterinário e auditor fiscal federal agropecuário (affa) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), inclui o Brasil na presidência da seleta Comissão do Codex Alimentarius (CAC). O Código Alimentar engloba um conjunto de normas referentes a alimentos, reconhecido internacionalmente pela função de proteger e assegurar a saúde dos consumidores e as práticas igualitárias no comércio regional e internacional, garantindo a segurança dos alimentos no mundo.
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Além da conduta profissional exemplar, marcada pela dedicação e empenho, o recebimento da condecoração levou em conta também os excelentes resultados do trabalho do adido agrícola, que fez história ao se tornar o primeiro brasileiro e sul-americano a ocupar o cargo de presidente da Comissão do Codex Alimentarius (CAC), em 2017, reeleito em 2018 e 2019. "Durante a pandemia foi desafiador fazer com que a Comissão do Codex Alimentarius permanecesse ativa, mas tivemos resultados expressivos no período", destaca Guilherme, que atualmente atua como adido agrícola na Missão do Brasil junto à União Europeia (UE), em Bruxelas (Bélgica). Um dos resultados a ser destacado foi a adoção da revisão do “Código de práticas para reduzir ao mínimo e conter a resistência aos antimicrobianos transmitida pelos alimentos” e das “Diretrizes sobre seguimento e vigilância integrados da resistência aos antimicrobianos transmitida pelos alimentos”.
Antes de ser indicado pelo governo brasileiro e ser eleito para o cargo de presidente da CAC, com o voto de membros da Comissão formada por representantes de 188 países e a União Europeia, o adido havia conquistado outro feito inédito, ao ser eleito à vice-presidência dessa mesma Comissão, sendo também o primeiro brasileiro a assumir o cargo, entre 2014/2017. “Como brasileiro, para mim foi muito gratificante dirigir uma organização com tamanha relevância no cenário internacional”, reconhece. Também destaca a confiança dos membros da CAC no seu trabalho. “Fiquei muito honrado quando, em 2020, ano em que, cronologicamente, haveria nova eleição para presidente, eles optaram por estender minha permanência e a dos vice-presidentes no cargo por mais um ano, sem eleição, para a realização da primeira reunião virtual da história da CAC", recorda-se.
O reconhecimento desse trabalho culminou com outra demonstração de confiança do governo brasileiro na competência profissional de Guilherme, quando o Ministério das Relações Exteriores (MRE) concedeu-lhe a Insígnia e o Diploma da Ordem de Rio Branco (Cavaleiro), na cerimônia ocorrida no dia 11 deste mês, em função dos mais de 32 anos de trabalhos prestados à agropecuária brasileira no cenário internacional e 30 anos de atividades no Codex Alimentarius, onde começou a atuar em 1992.
O Adido, formado em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), especialista em Garantia da Qualidade de Alimentos pelo KIFTC em Kanagawa (Japão), tem consciência da importância da honraria e só tem motivos para agradecer. "Essa condecoração tem parcela significativa de reconhecimento a centenas de colegas que sempre trabalharam comigo e me apoiaram em todos os momentos, e também por estar relacionada ao trabalho realizado para uma organização multilateral, a mais importante do mundo nas funções de elaborar e regulamentar normas, códigos de práticas, diretrizes e outras recomendações relativas à segurança dos alimentos e as suas práticas leais de comércio ", enfatiza.
Trajetória
Antes de alcançar resultados tão expressivos como profissional, Guilherme trilhou um caminho marcado pela disciplina, persistência e a determinação de vencer desafios. Natural de Recife (Pernambuco), formou-se em medicina veterinária, seguindo os passos do pai, de quem herdou não apenas o nome, mas também o gosto pela profissão. Concluiu os estudos na capital e nesse período teve o privilégio de ter aulas com o pai, também veterinário e professor da UFRPE. "Meu pai foi um grande profissional" orgulha-se.
Em 1981, Guilherme ingressou no Mapa. Como auditor fiscal federal agropecuário e depois de um longo e criterioso processo interno no Ministério, foi aprovado e fez parte da primeira turma de adidos agrícolas, profissionais que desempenham missões permanentes de assessoramento junto às representações diplomáticas brasileiras no exterior, para identificar oportunidades, desafios e possibilidades de comércio, investimentos e cooperação para o agronegócio brasileiro. Na ocasião, serviu no posto em Genebra (Suíça), na missão do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), de 2010 a 2014, quando retornou direto à Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa. "O único lugar onde o sucesso vem antes de trabalho é no dicionário", afirma o adido agrícola, citando Albert Einstein.
Além do recente desafio de fazer a Comissão do Codex Alimentarius continuar trabalhando a todo vapor na pandemia, e produzindo as normas e diretrizes para contribuir na manutenção da segurança dos alimentos em um dos momentos mais críticos da história da humanidade, o adido agrícola já havia vencido outros desafios. Ele exerceu os cargos de Diretor do Departamento de Negociações Sanitários e Fitossanitárias e Departamento de Acesso à Mercados do Ministério da Agricultura; trabalhou 15 anos como assessor da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e da OMS, na área SPS (Medidas sanitárias e fitossanitárias) em países das Américas e da África; e também do STDF (Standards and Trade Development Facility) /OMC em Genebra e na África.
Atualmente, onde assumiu o posto de Bruxelas em 2019, após ser aprovado em novo concurso interno para adido, atua diretamente na Missão do Brasil junto à UE, ao lado do colega brasileiro, o também adido agrícola e auditor fiscal federal agropecuário, Bernardo Todeschini. Entre as várias atividades realizadas no posto, ele registra sua participação na finalização das negociações comerciais entre a UE e o Mercosul, bem como em reuniões e comunicações com vistas à retomada do acesso regular ao mercado europeu das carnes bovina, de aves e suína do Brasil, entre várias outras já realizadas nesse período.
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