CINTHYA LEITE
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Com as novas medidas de quarentena rígida, anunciadas esta semana pelo governador Paulo Câmara, Pernambuco pode evitar 4.098 mortes por covid-19, com uma média de 93 óbitos a menos por dia, até 30 de junho. A previsão vem de uma nova análise de professores e especialistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e do Instituto de Criminalística. O trabalho do grupo de pesquisa Métodos de Pesquisa em Ciência Política destaca que, na medida em que a restrição das atividades sociais for se tornando mais rigorosa, caem as projeções de vítimas fatais.
“Devido à curva de crescimento de casos e óbitos, associada ao colapso do sistema de saúde, a adoção de medidas restritivas se torna cada vez mais necessária”, diz o cientista político e estudante de medicina Lucas Silva, que integra o grupo de pesquisadores. O Estado totaliza 14.901 pessoas que já foram infectadas pelo novo coronavírus. Entre elas, 7.876 apresentaram um quadro grave da doença e outros 7.025 casos foram leves. Com essa expansão de adoecimento por covid-19, a taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTIs) chegou a 97% nos leitos da rede pública estadual dedicados a pacientes com suspeita e confirmação de covid-19.
Análises feitas em semanas anteriores pelo secretário Estadual de Saúde, André Longo, já apontavam que o mês de maio seria de muita pressão na assistência hospitalar. “Apesar do grande esforço para aumentar a capacidade instalada de leitos, a fila de espera por uma vaga de UTI tem se mantido na casa dos 200 pacientes. O isolamento que praticamos até agora precisa ser ampliado para que possamos trazer a curva epidêmica a um nível de platô e, em seguida, a um decréscimo. Esses 15 dias poderão ser decisivos para interromper esse ciclo de crescimento da epidemia”, disse André Longo, em coletiva de imprensa online realizada ontem.
Para fazer estimativas com base nos comportamentos possíveis da população pernambucana nos próximos dias de quarentena rígida, o grupo de pesquisa Métodos de Pesquisa em Ciência Política desenvolveu três cenários hipotéticos. Foi previsto o número de vidas preservadas no Estado, de acordo com a intensidade de medidas restritivas de circulação de pessoas e veículos.
No cenário 1, com menor adesão ao isolamento social, que é uma situação similar ao que Pernambuco vive hoje, 1.466 mortes podem ser evitadas até 30 de junho. Na segunda possibilidade, com média adesão às restrições de convívio social, seriam preservadas 2.782 vidas até o fim do próximo mês. Já com a quarentena rígida plenamente instalada, o Estado pode totalizar menos 4.098 óbitos no mesmo período. “Se nos dedicarmos aos próximos dias, poderemos ter um ganho de tempo com a volta mais rápida às nossas atividades e a uma normalidade possível”, frisou André Longo.